As ações das companhias de saúde Hapvida (HAPV3) e NotreDame Intermédica (GNDI3) tiveram um dia de disparada na sessão desta sexta-feira (8), sendo as maiores altas do Ibovespa em um pregão já bastante positivo para o índice.
O catalisador para isso foi a notícia publicada às 13h56 (horário de Brasília), por Lauro Jardim, colunista do jornal O Globo, de que as companhias estariam negociando a fusão de suas operações, sem dar mais detalhes. Horas depois, as empresas confirmaram a existência das negociações.
Os ativos GNDI3 chegaram a subir 32,15%, a R$ 95,41, na máxima do dia, enquanto os papéis HAPV3 chegaram a saltar 27,49%, a R$ 18,18, configurando de longe como as maiores altas do Ibovespa em uma sessão já bastante positiva para o índice. As ações chegaram a amenizar durante a sessão, mas com alta sempre acima dos 10% após a notícia, alta que voltou a se intensificar depois de confirmadas as negociações. Os papéis GNDI3 fecharam a sessão com um salto de 26,59%, a R$ 91,40, enquanto HAPV3 saltou 17,68%, a R$ 16,78%.
Durante a tarde, a Hapvida confirmou que está negociando a fusão, em uma operação de cerca de R$ 100 bilhões. Em fato relevante, ela afirmou que “apresentou aos membros do conselho de administração da Notre Dame Intermédica (…) proposta não vinculante para uma potencial combinação dos negócios”.
A proposta envolve um prêmio de 10% sobre ação da Intermédica no período de 20 dias de negociação antes de 21 de dezembro. O plano prevê que os acionistas da Hapvida teriam 53,1% da empresa combinada, enquanto os da Notre Dame Intermédica ficaram com os 46,9% restantes.
A proposta apresentada aos membros do Conselho de Administração da GNDI contempla a expansão do Conselho de Administração da Companhia, que passará a contar com 9 membros, sendo 2 indicados pela GNDI, 2 independentes e 5 indicados pelos acionistas da Hapvida, além da intenção de manutenção do atual CEO da GNDI em posição estratégica na companhia, após a combinação de negócios”, destacou a Hapvida.
Já para a criação de alinhamento no processo de integração e o aproveitamento de todo o potencial de geração de valor decorrente da combinação de negócios proposta, a Hapvida destacou que pretende oferecer e negociar de boa fé, com os principais executivos da GNDI, um pacote atrativo de remuneração, incluindo incentivos de longo prazo baseados em ações.
Sinergias no radar
Hapvida e NotreDame são as maiores operadoras de planos de saúde do Brasil listadas na Bolsa de Valores de São Paulo e também administram hospitais.
Segundo o Credit Suisse, a união das empresas criaria um grande player privado do setor no Brasil. “Há complementaridade geográfica, o que cria valor e reduz as preocupações antitruste. Um movimento há muito esperado pelos investidores”, avaliam os analistas.
O Bradesco BBI também ressalta que, se o negócio for confirmado, será um grande movimento para o segmento de saúde, levando a nova empresa a ter uma participação de mercado de 20% em termos de beneficiários e de cerca de 10% em termos de receitas.
“Vemos o negócio como positivo para ambas as companhia. A empresa potencialmente incorporada teria uma carteira complementar de beneficiários, com a Hapvida tendo mais de 60% dos beneficiários no Norte e Nordeste do Brasil, enquanto NotreDame Intermédica tem praticamente toda a sua base no Sul e Sudeste do país”, apontam os analistas.
Em relação às sinergias, eles veem potencial para: i) alavancagem operacional, com diluição das despesas gerais e administrativas; ii) o desenvolvimento de um plano nacional que facilite as negociações com grandes empresas; e iii) um melhor mix de produtos, pois a Hapvida pode entregar um produto mais verticalizado a um preço um pouco menor e também administra planos individuais com sinistros atrativos, enquanto GNDI trabalha com produtos mais flexíveis e menos verticais que podem entregar uma solução corporativa para todos os níveis.
O BBI também vê uma baixa probabilidade de amplas restrições serem impostas pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).No entanto, algumas regiões com alto nível de penetração de ambas as empresas podem instar a alguns remédios pelo órgão antitruste.
De acordo com o Brazil Journal, as negociações têm se estendido por um ano e meio “e já tiveram fases mais quentes e mais frias”, sendo o acordo de governança a parte mais delicada da negociação.
A publicação destaca que, com a Hapvida valendo R$ 53 bilhões e a NotreDame R$ 48 bi — e com a família Pinheiro dona de 70% da Hapvida — uma fusão a preços de mercado transformaria os Pinheiro em controladores da empresa combinada.
Contudo, a Bain Capital, que tem 22% do capital da GNDI, já rejeitou tornar-se acionista minoritária da empresa familiar. Entre as opções, um arranjo de empresa de capital pulverizado, ou os americanos receberiam em dinheiro, mas ainda não está claro quanto os Pinheiro querem colocar na mesa.
Fonte: Infomoney
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